Estamos aproveitando um dia de descanso em San Pedro de Atacama. É um vilarejo no meio do deserto que atrai pessoas de inúmeros países. Esta é a terceira vez que passo por aqui e sempre fico curioso pensando nos segredos deste lugar que o torna tão famoso. É claro que existem lugares maravilhosos na região como os geisers, lagoas altiplanas, etc. mas o local em si até parece uma cidadezinha empoierada do velho oeste americano, pelo menos nas versões que Hollywood nos mostra.
Quero falar ( escrever ! ) um pouco sobre os 3 primeiros dias, a saber :
Dia 1: Francisco Beltrão - Corrientes
Dia 2: Corrientes - San Salvador de Jujuy
Dia 3: S.S. Jujuy - San Pedro de Atacama
Saímos de Beltrão antes do sol aparecer, e a chatice de acordar as 5 da manhã foi compensadíssima com as imagens do início de mais um dia, graças à Deus. Fomos acompanhados pelo Kelvi e "seu" Bruno até a fronteira. Os detalhes dos cuidados legais com relação à Receita Federal já foram comentados pelo Juliano.
Os dois primeiros dias foram muito cansativos ( 1600 km ). Quem sabe um começo de jornada mais leve tivesse sido mais apropriado para gradativamente ir acostumando nossos corpos, mentes e espíritos com a mudança total das nossas rotinas diárias.
Eu gosto da Argentina e dos argentinos ( sério ). Fico com pena em ver as dificuldades que têm passado nas últimas décadas. É um país tão grande e tão rico e que não merecia os governos que tem passado por lá. A comida é excelente, a cerveja deliciosa ( Quilmes bien fria ) , estradas em geral muito bem conservadas, sem pedágio para as motos, vistas inesquecíveis, enfim um grande lugar para viajar.
Passamos por inúmeros postos policiais. Fomos parados somente no primeiro e mesmo assim o único pedido foi um adesivo da nossa viagem ! Infelizmente diversas pessoas que encontramos pelo caminho não tiveram a mesma "sorte". Alguns policiais do regimento FDP de Corrientes armaram uma "arapuca", num dos acessos à ponte que liga Corrientes a Resistência, e pegaram todos os brasileiros que por lá passavam. As desculpas são as mais ridículas possíveis. Para as motos era o argumento que aquela "faixa" era exclusiva para veículos. A multa de 1.100 pesos teria que ser paga no banco X, que só iria abrir depois do meio dia, etc. Claro que a moto e os documentos seriam confiscados. Preço para resolver na hora : 100 REAIS ! Para os carros a explicação é ainda mais estapafúrdia : O GPS ( dentro do carro ) estava ligado !!! Existe uma lei em Corrientes (sic) que proíbe o uso de GPS . Neste caso o pedágio é mais caro : 150 DÓLARES foi o preço cobrado dos nossos amigos de Chapecó. Acho que um dos jornais de Corrientes poderia fazer um artigo sobre este tema. Enfim ....
CONVERSA TÉCNICA
A partir de hoje irei explorar dois departamentos neste blog, " Dicas " ( já iniciado ) e MEP.
Uma das coisas interessantes que aprendi quando estudei no Japão foi o "Manual de erros do passado", daqui por diante chamado de "MEP". O racional é o seguinte : Ninguém erra por que quer ( há exceções ). Existem causas que, se identificadas, poderão ser eliminadas para que o erro não ocorra novamente. Assim, um novo funcionário da empresa tem por obrigação conhecer profundamente o MEP com o argumento de que "sim pode errar", desde que seja um erro novo. Não repetiremos erros já conhecidos.... Toda esta conversa para apresentar o MEP #01 da nossa excursão.
MEP #01 : Todos os equipamentos VITAIS tem que ser estudados e verificados quanto ao seu funcionamento e operacionalidade antes de iniciar a jornada.
O que ocorreu : Estamos com 2 equipamentos de GPS. Foram utilizados sem problemas dentro do Brasil. Fora do Brasil : NEGATIVO. Imagino nosso amigo Lauro Vianna no centro de uma grande cidade na Europa ou nos Estados Unidos com um GPS sem os mapas do local .... Imagino o Fabio Judice no comando do seu 777 perceber que ao sair do espaço aéreo brasileiro, o GPS funciona mas os mapas não estão lá ....
O Juliano levou nossos equipamentos para serem "carregados" com os mapas dos países que vamos passar. Algo aconteceu e estamos sem os mapas dentro dos nossos GPS's...
Na estrada até que não é tão vital pois o GPS está funcionando e é possível saber a direção que estamos nos deslocando. Como o GPS "desenha" o caminho percorrido, e como temos sobre o tanque um mapa tradicional de papel ( redundância ), fica fácil navegar. Já nas grandes cidades é um inferno tentar achar um endereço de hotel por exemplo. Como o Juliano é um excelente "conversador" ( advogado de causas impossíveis ) e não tem nenhum constrangimento em pedir informações, temos nos virado com sucesso, naturalmente às custas de grande perda de tempo.
Assumo a responsabilidade por não ter verificado em detalhes a compatibilidade dos aparelhos GPS com os softwares carregados ... Errei sim, mas este nunca mais, já está registrado no MEP.
E para encerrar : Meu GPS antigo, companheiro de inúmeras viagens, carregado com todos os mapas necessários foi deixado de lado no último minuto. Achei que não seria necessário e não trouxe comigo .... Acho que foi uma "praga" do mesmo por ter sido deixado de lado. Pois é, essas trocas do velho pelo novo nem sempre são boas !
DICA #02 : Não saia de casa sem WD40 .
O que ocorreu: Resolvemos 2 "panes" de equipamento graças ao dito cujo. A GS do Juliano ficou sem buzina e a minha moto sem o acelerador automático ( que mantém a velocidade constante ). Graças a sugestão do Fernando Kmiecik resolvemos facilmente os problemas com WD40.
EPÍLOGO
Eu sei que esta postagem ficou longa e muito técnica. Mas para mim é importante este registro. Quem sabe possa ser útil a outros viajantes.
Prometo que serei menos "chato" da próxima vez.
Por enquanto a seção de amenidades fica com o JR, flagrado em um de seus devaneios
soníferos no meio do deserto ....
Bem amigos... desculpe pela colaboração do #MEP1, graças a Deus conseguiram atualizar os equipamentos... Abração e todos e uma excelente viagem!!! Obs. Parabéns pelo Blog, garanto que esse "Diário de Bordo" vai ajudar muitos outros viajantes.
ResponderExcluirAbração !
Huds
Ruy,
ResponderExcluirDesejo boa viagem e muita sorte nas Aduanas, principalmente na América Central. Dizem que aquilo lá é uma loteria, pode passar sossegado ou pode levar uma vida...
Gostei muito do MEP, a idéia é muito bacana. Vale juntar tudo depois e concentrar em um único post. Certamente vai ajudar muita gente.
Estou acompanhando o blog e confesso sentir uma ponta de inveja. Enquanto vocês estão sobre a moto, eu fico pilotando um notebook no escritório. :( Quem sabe ano que vem não faço outra viagem dessas longas?..
Buena ruta y hasta luego!
Leandro Grassmann